CNBB: A
impunidade nas altas
rodas do crime
82. A situação dos presídios
brasileiros exige um olhar cuidadoso. Os casos noticiados pela imprensa
de grandes chefes de grupos criminosos vivendo confortavelmente em prisões de
segurança máxima levaram a população a pensar que essa é a situação típica em
nossas cadeias. Para a grande maioria dos presos, porém, a realidade é muito
diferente. Como os presídios estão superlotados, as condições de vida são
precárias, o ambiente é extremamente violento, as nossas prisões frequentemente
são lugares onde se incita ao crime e à violência, ao invés de recuperar o preso.
83. O Brasil tem sido palco de grandes
escândalos: corrupção, tráfico de influências, desvio de verbas, entre outros,
estão sempre presentes no noticiário nacional. Esses tipos de crime são os que
trazem as consequências mais trágicas para nossa sociedade, como fome,
desemprego, falta de assistência à saúde, analfabetismo, recessão da economia e
outros malefícios. Dificilmente, no entanto, alguém é condenado pela prática de
tais crimes, considerados não convencionais. Ao serem tratados como escândalos político-financeiros
prioriza-se uma postura “denuncista” e midiática, criando no público a
impressão de que os casos tiveram começo, meio e fim. Na prática, ao serem
tratados como casos espetaculares, criam a ideia de uma prática excepcional,
fruto de um comportamento desviante, cuja solução é a busca de um culpado, sem
que realmente ocorra uma transformação do ambiente que propicia os crimes de
“colarinho branco”.
84. O sistema prisional brasileiro visa
especialmente aos que praticaram crimes comuns. As pessoas que praticam crimes
contra a ética, a economia e as gestões públicas, como os do “colarinho
branco”, ao responderem aos processos, recorrem reiteradamente às diversas
instâncias do sistema judiciário, alegam publicamente inocência – nunca provada
– e, muitas vezes, até conseguem a aprovação da opinião pública, que se
expressa pelo ditado popular: “esse rouba, mas faz”.
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