Homem e violência
Hoje
convivemos no dia a dia com uma série
de manifestações de agressões.
Algumas delas são necessárias à sobrevivência do ser humano e outras permitem
os necessários ajustes para a manutenção do equilíbrio social. Essas diferentes
formas de violência foram percebidas por Erich Fromm[1] e
sua abordagem, baseada nas motivações inconscientes continua merecendo atenção.
Para ele a violência
recreativa, é uma forma não patológica e pode ser observada nas atividades onde ela é
exercida com o fim de exibir perícia e não de provocar destruição. Na hipótese
não existe ódio ou destrutividade em sua motivação. Se faz presente nos jogos
guerreiros em tribos, nas artes marciais ou competições esportivas onde o
emprego da força se faz necessário para a vitória ou até em jogos eletrônicos.
A violência
reativa, com suas raízes no medo (real ou imaginário, consciente ou
não), é uma forma mais frequente. É empregada na defesa da vida, liberdade,
propriedade ou dignidade. Por objetivar preservar e não destruir, as
consequências morais e legais são admitidas como aceitáveis, mesmo com perda de
outra vida.
A violência
por frustração é um tipo da violência reativa exercitada por animais,
crianças e homens. Surge quando um desejo ou necessidade não atinge o seu
objeto ou não se integraliza. Nessa
categoria está a hostilidade nascida da inveja ou ciúme. Deve-se observar
que o ciúme sempre foi considerado um sentimento capaz de deflagrar as mais
violentas reações.
Conduzindo
suas observações para a proximidade do patológico Fromm considera a
violência vingativa, cuja prática representa um desejo e possui a
função fantasiosa de desfazer magicamente o que foi feito na realidade. Ela
está presente tanto em grupos primitivos quanto em sociedades civilizadas,
sendo mais forte a sua manifestação na ordem indireta da autoestima e produtividade
e na ordem direta do empobrecimento econômico e cultural.
Suas
manifestações são sentidas a partir do desmoronamento
da fé que ocorre em uma criança pela quebra da imagem positiva que faz dos
pais, da família, dos amigos, religião e até no adulto que, ludibriado e
desapontado, torna-se um elemento cínico e destruidor, desejando provar que os
homens, a vida e ele são maus. O agente não tolera mais o desapontamento e leva
com isso o ódio à vida.
Já a violência
compensatória é uma forma claramente patológica. Ela é empregada como
um processo substitutivo da atividade do agente impotente perante a vida,
aquele que é incapaz de tornar realidade seus desejos revelando-se apenas um
simples objeto das circunstâncias. Por sua debilidade não cumpre o papel de
elemento criador ou transformador e se ressente de sua situação. Por não possuir as qualidades necessárias
para criar a vida resta-lhe destruí-la, já que para tanto necessita apenas de
uma vontade viciada ou de uma arma. Vinga-se da vida desorganizando-a em outros
ou em si mesmo.
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