BEM VINDO AO BLOG!

domingo, 4 de fevereiro de 2018

Não sei de nada




Dupla percepção: não delinquente e delinquente


Existe uma questão real com a qual grande parte dos que lidam com o Direito Penal se defrontam na prática. A quase totalidade das pessoas apontadas como autores de um crime simplesmente negam haver praticado o mesmo. Sob um outro viés alguns criminosos apresentam justificativa tão forte para o cometimento dos seus atos que a maioria das pessoas adere às razões que motivaram e justificam o ato. Muitos até preferem acreditar que a investigação foi mal conduzida ao responsabilizar um inocente. Essa simpatia se faz presente de forma mais acentuada entre os estudantes, vez que é normal à crença na existência de um erro na investigação e decisão final.

Claro que casos como o dos “irmãos Naves” lamentavelmente existem. É comum a descoberta, anos depois das decisões judiciais, de falhas que culminaram com prisões cujas consequências perniciosas jamais serão devidamente quantificadas, nem permitem a retomada de uma situação de equilíbrio psíquico para o acusado e as pessoas que efetivamente são próximas ao mesmo. A compensação oferecida, geralmente uma indenização pecuniária, não possui o poder de tornar magicamente inexistente a dor sofrida.

Chama especial atenção a percepção que o agente tem de si mesmo quanto a sua responsabilidade que lhe cabe na prática do crime. Vale lembrar delitos recentes como o assassinato de Elisa Samúdio. Na hipótese o acusado negou com tal tranquilidade sua participação no desaparecimento e morte da mãe de seu filho, implorando publicamente que ela voltasse para mostrar que estava viva, que muitos chegaram a ver nele um caso claro de personalidade psicótica.

No caso da morte de João Hélio no Rio de Janeiro, uma criança com sete anos que foi arrastada até a morte por muitos quarteirões, presa que estava pelo cinto de segurança, os assaltantes que roubaram o carro disseram em tom de zombaria que o menor “era como um boneco de Judas”.



Não tive escolha: Fui obrigado a matar

Os transtornados assassinos, movidos pela loucura da paixão, normalmente afirmam que “foram obrigados, em razão do comportamento da mulher” a matá-las em nome do enxovalhamento de sua honra e da posição constrangedora em que foram colocados pela traição da mulher.

 Essa dupla percepção não é nova. A própria sociedade, curiosamente, não só a aceita como chega ao nível de estímulo ao tornar simpáticos e admiráveis personagens como Dom Juan, Robim Hood, Lampião e tantos outros. O primeiro, o invejado conquistador cuja lista de amantes teria atingido a mil e três só na Espanha, conforme as acuradas anotações de seu servo Leporello, era na verdade violador da honra feminina que não hesitava em matar os pais das até então donzelas para chegar ao fim de suas conquistas amorosas.  A visão que temos hoje de Dom Juan está presente a perfeição em um ótimo filme intitulado “Dom Juan de Marco”, com os atores  Johnny Deep e Marlon Brando

Robin Hood, bem considerado, tomou a justiça em suas mãos e a aplicou atendendo apenas a sua vontade, por mais que consideremos válida a metáfora contida nas suas aventuras,  “tomando dos ricos para distribuir com os pobres”. Já o nosso Lampião, fruto de injustiças na juventude foi “jogado” no cangaço. Muito crime praticou no sertão de seu de seu tempo, porém muitas histórias de valentia e galanteria cercam seu nome. Em uma cidade do sertão pernambucano existe uma estátua em seu louvor em praça pública, e em outra (Triunfo – PE) os turistas procuram conhecer na antiga “Corte do Sertão” a casa onde o cangaceiro descansava após suas investidas.

Foi ele

Podemos retornar no tempo até a Grécia antiga, terra dos filósofos.  Homero revela ter conhecimento dessa dupla percepção da realidade e seguindo o processo usado pelos gregos àquela época, para o debate das ideias, apresentava a questão da percepção do procedimento e elaboração de uma justificativa na mente do homem, com base na narrativa da ação de Agamenon, da qual resultou a guerra de Tróia.

Agamenon responsabilizando os deuses pelos seus atos e declarando que sua mente fora turvada pela deusa Ate, que explicou e tentou justificar  o seu comportamento ao fugir com a mulher de Aquiles:

“Não mereço censura. 
 Foi Zeus, meu destino e a Fúria que anda nas trilhas da escuridão que cegaram meu julgamento naquele dia em que tirei a mulher de Aquiles.

O que poderia eu fazer? Nesses momentos há um poder que assume o comando: Ate, a filha mais velha de Zeus, que nos cega, espírito maldito, adejando pelas cabeças dos homens, corrompendo-os, abatendo ora este ora aquele. Inclusive Zeus certa vez foi cegado por ela, e sabe-se  que Zeus  está acima  de todos os homens e deuses.”
(Ilíada, XIX - 87/100)                     

João Franco




Psicopata e Sociopata
por Fernanda Salla | Edição 99


Os dois termos são sinônimos para um tipo específico de transtorno de personalidade. De acordo com a Classificação Internacional de Doenças (CID-10), o termo oficial para designar um psicopata ou sociopata é personalidade dissocial ou antissocial.
 "A psicopatia é um termo muito confuso historicamente, sendo que, hoje, se refere a apenas um dos oito transtornos de personalidade existentes", diz o psiquiatra forense Daniel Martins de Barros, do Hospital das Clínicas, em São Paulo. Ou seja, a associação que, em geral, fazemos do termo psicopata com um assassino frio, como um serial killer, não passa de mau uso do termo.
·         Segundo os especialistas, até 3% da população mundial é composta de psicopatas, sendo que eles reincidem na criminalidade três vezes mais que bandidos comuns.


Os oito transtornos principais de personalidade são:

01 - ANTISSOCIAL
O sociopata - tem tendência à agressividade e não observa às normas sociais. Ele dificilmente altera o seu modo de agir e não relaciona uma sanção que venha a sofrer como um instrumento de reprovação do seu comportamento. Não assume a responsabilidade pelos seus atos e geralmente atribui a motivação da ação ou BA realização da mesma a outras pessoas.
São personagens frequentes nos filmes. O Juiz representado por Stalone que elimina os bandidos que não consegue prender; no seriado Dexter da TV o agente elucida legalmente vários crimes e nos momentos de ócio mata os que não foram presos.
02 - ANSIOSO
O ansioso é uma pessoa sempre tensa, insegura, e que medo de qualquer coisa que quebre a sua rotina. Ela não tolera críticas a sua pessoa e possui um profundo sentimento de insegurança e inferioridade. Procura desesperadamente agradar os que estão a sua volta, tentando evitar qualquer rejeição. Normalmente se sente mal quando exigida atividades fora de sua rotina, já que ela lhe oferece segurança. 
03 - PARANOIDE
Cuida-se da pessoa que não suporta ser contrariada, não perdoa o que pensa ser uma ofensa ou insultos. Sua percepção não corresponde sempre a realidade pois tende a distorcer os fatos, interpretando as ações dos outros, mesmo que sejam boas ou inocentes, como hostis ou de desprezo.
Esse é o típico paranoide. Em geral, também suspeita da fidelidade de seus companheiros. Mas não confunda com a paranoia, que é uma doença grave e não um tipo de distúrbio de personalidade
DEPENDENTE
O tipo dependente tende a deixar que outras pessoas tomem qualquer decisão por ele. O dependente receia ficar isolado  e se vê como uma pessoa fraca e incompetente.  Por ser submisso à vontade alheia tem dificuldade em lidar com mudanças ou novos desafios
HISTRIÔNICO
É o histérico ou psicoinfantil. Tenta ser sempre o centro das atenções e se revela extremamente dramático, exibicionista e exigente. Para piorar, é inconstante sentimentalmente, instável, manipulador, egoísta e bastante superficial
ESQUIZOIDE
A pessoa costuma afastar-se dos outros, tendo poucos contatos sociais ou afetivos. Prefere atividades solitárias e a introspecção. Mas, assim como no caso da paranoia e da personalidade paranóide, o tipo esquizoide não tem nada a ver com a esquizofrenia
BORDERLINE
Agir de modo imprevisível, ter acessos de ira e ser incapaz de controlar o seu comportamento impulsivo são as características da galera com esse transtorno. O borderline também pode apresentar perturbações da autoimagem e tendência a adotar um comportamento autodestrutivo. Ver o “Vide vídeo” abaixo.
OBSESSIVO-COMPULSIVO
A pessoa quer sempre tudo certinho, sendo perfeccionista ao extremo. Esse é o típico anancástico ou obsessivo-compulsivo. Em geral,




Os psicopatas são frios, calculistas, insensíveis, inescrupulosos, transgressores de regras sociais e absolutamente livres de constrangimentos ou julgamentos morais internos. Eles são capazes de passar por cima de qualquer pessoa apenas para satisfazer seus próprios interesses. Mas ao contrário do que pensamos, não são loucos, nem mesmo apresentam qualquer tipo de desorientação. Eles sabem exatamente o que estão fazendo. 

Mentes Perigosas nos mostra em linguagem fluida e acessível quem são estas pessoas que vivem entre nós, se parecem fisicamente conosco, mas definitivamente não são como nós.

Nenhum comentário:

Postar um comentário