Notícia de jornal: depressão
pós-natal
Depressão atinge até 35%
das mães
Pesquisa do Instituto de
Psicologia da USP encontrou incidência do transtorno três vezes mais alta em
São Paulo
Segundo mateira publicada por Simone
Iwasso existe um outro lado da maternidade, distante do mundo cor-de-rosa dos filmes, dos sonhos
adolescentes e dos comerciais de televisão. Tem aparecido segundo pesquisa do Instituto de
Psicologia da Universidade de São Paulo (USP) foi encontrado uma incidência de depressão pós-parto em 32% a 35% delas - um número três vezes
mais alto do que o identificado na literatura médica internacional, que varia
de 10% a 15%.
São mulheres que, em vez dos sorrisos constantes pela felicidade de ter um bebê
em casa, como elas e as famílias provavelmente esperavam, se deparam com crises
de choro, irritação permanente, dificuldades para dormir e comer, sensação de
desamparo e tristeza e falta de apetite sexual - nos casos mais graves, podem
ocorrer tentativas de suicídio e atos de violência contra a criança. Além
disso, sentem raiva do bebê, o culpam por sua situação e, muitas vezes, acabam
sendo negligentes em relação aos cuidados de que a criança necessita,
tratando-a como um fardo. Esse conjunto de sintomas pode aparecer nos primeiros
dias após o parto e, se não for cuidado, persistir por até um ano.
E não são só as mulheres que sofrem com essa situação. Uma série de pesquisas
indica que essa falta de contato com a mãe nas primeiras semanas traz consequências
para o desenvolvimento físico e neuromotor da criança, persistindo nos anos
seguintes: interagem menos com adultos, estabelecem menos relações afetivas e
têm níveis mais altos de hormônios relacionados ao stress no organismo. Fazer
um mapeamento detalhado desses efeitos e o que eles acarretam na relação entre
mãe e filho é um dos objetivos da pesquisa da USP, financiada pela Fapesp e
pelo CNPq. O trabalho começou no ano passado e deve se estender pelos próximos
dois anos.
"O índice de depressão pós-parto que encontramos nas mulheres atendidas
foi realmente alto, três vezes maior do que o descrito na literatura médica, e
por isso partimos para análise dos fatores que poderiam influenciar no
comportamento dessas mulheres", explica a pediatra Maria Teresa Zulini da
Costa, pós-doutoranda na USP e uma das pesquisadoras do projeto, coordenado
pelas psicólogas Emma Otta e Vera Silvia Raad Bussab. "Encontramos, entre
mulheres com depressão pós-parto, um número alto de gestações não programadas e
não desejadas, falta de estrutura doméstica, ausência do pai da criança. São
mães que acabam tendo de arcar sozinhas com a maternidade", diz.
Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20081123/not_imp282105,0.php
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