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domingo, 15 de março de 2015

Abortamento em massa


As montanhas de Buda


A prática do aborto tem ocorrido, também, como medida política para dominação de povos. Javier Moro é autor de esclarecedor livro sobra a ação da China na dominação do Tibete. A peregrinação mundial do Dalai Lama, líder religioso máximo do Tibete, é a face mais visível da tomada do território de um país pacífico, extremamente voltado à sua fé budista e costumes milenares.  O lado escuro é devassado em parte no livro As Montanhas de Buda, de sua autoria, editado entre nós pela Editora Planeta do Brasil, neste ano de 2010.

 Abaixo um pequeno trecho sobre a prática do abortamento em massa realizado como instrumento de dominação:


“Em 1993, havia [no Tibete] sete milhões e meio de chineses para sete milhões de tibetanos, uma invasão demográfica cada vez mais alarmante, Horda de chineses imigram para o país das neves seguindo as recomendações dos altos dignitários do Partido Comunista. Para que esqueçam seus preconceitos de que o Tibete é um deserto gelado povoado por selvagens eles recebem vários benefícios: três ou quatro vezes o salário que teriam na China, empréstimos sem juros, moradia garantida. Muitos benefícios lhes são concedidos, e até uma gratificação de risco por eventuais problemas respiratórios, devido ao fato de o Tibete ficar a quatro mil metros de altitude. Os imigrantes apropriam-se dos restaurantes que por tradição são comércios tibetanos, e ocupam as profissões de alfaiate, carpinteiro e pedreiro. O número de mendigos tibetanos aumenta a cada dia.

Esta invasão é acompanhada por um genocídio. Ninguém escapa as medidas desumanas de controle da natalidade, que foram reforçadas em 1989, depois que um relatório da Academia das Ciências Sociais de Xangai aconselhou a criação de uma força especial para realizar abortos sistemáticos em mulheres pertencentes a minorias nacionais cuja população seja superior a quinhentas mil pessoas.

Equipes sanitárias percorrem o país das neves para aplicar a lei, e benefícios econômicos são proporcionados àqueles que praticam o maior número de esterilizações e abortos. Presenciam-se cenas atrozes em que grupos de mulheres, e até adolescentes, são empurradas em caminhões que as levam a hospitais. Nas regiões mais afastadas, equipes de enfermeiras e médicos chineses circulam em jipes, seguidas por caminhões de material sanitário. Viajam por três a quatro meses, indo a todas as aldeias para procurar mulheres grávidas do terceiro ou quarto filho, às vezes até do segundo. Ao final de cada viagem eles tratam uma média de dois mil casos. 

Relatórios que denunciam abortos forçados em mulheres de gravidez bastante avançada foram confirmados com a descoberta de fetos de quatro ou cinco meses em lixeiras do hospital de Chamado. Chegaram até a exterminar recém-nascidos em famílias que já tinham dois filhos. Ao dar à luz a mãe ouve o grito do bebê e depois é informada de que ele morreu durante o parto.  

Uma médica tibetana atestou mais tarde que bebês saudáveis e bem formados, foram afogados em baldes de água ao nascer. E acrescentou: “As mães enlouquecem.” Um médico chinês, interrogado por uma comissão de inquérito sobre direitos humanos, reconheceu que fora obrigado a matar recém-nascidos para alcançar sua meta de abortos. Se não o tivesse feito, teria perdido os benefícios econômicos vinculados À sua atividade e sido demitido.


Para os tibetanos, que vivem a fé budista de forma intensa, por fim a qualquer forma de vida é uma terrível transgressão, e o controle da natalidade, um verdadeiro traumatismo, cujos efeitos são devastadores.”

                                  Mulheres tibetanas em dia de festa 


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