A
prática do aborto tem ocorrido, também, como medida política para dominação de
povos. Javier Moro é autor de esclarecedor livro sobra a ação da China na
dominação do Tibete. A peregrinação mundial do Dalai Lama, líder religioso
máximo do Tibete, é a face mais visível da tomada do território de um país
pacífico, extremamente voltado à sua fé budista e costumes milenares. O lado escuro é devassado em parte no livro As
Montanhas de Buda, de sua autoria, editado entre nós pela Editora
Planeta do Brasil, neste ano de 2010.
Abaixo um pequeno trecho sobre a prática do abortamento
em massa realizado como instrumento de dominação:
“Em 1993, havia [no Tibete] sete
milhões e meio de chineses para sete milhões de tibetanos, uma invasão
demográfica cada vez mais alarmante, Horda de chineses imigram para o país das
neves seguindo as recomendações dos altos dignitários do Partido Comunista.
Para que esqueçam seus preconceitos de que o Tibete é um deserto gelado povoado
por selvagens eles recebem vários benefícios: três ou quatro vezes o salário
que teriam na China, empréstimos sem juros, moradia garantida. Muitos
benefícios lhes são concedidos, e até uma gratificação de risco por eventuais
problemas respiratórios, devido ao fato de o Tibete ficar a quatro mil metros
de altitude. Os imigrantes apropriam-se dos restaurantes que por tradição são
comércios tibetanos, e ocupam as profissões de alfaiate, carpinteiro e
pedreiro. O número de mendigos tibetanos aumenta a cada dia.
Esta invasão é
acompanhada por um genocídio. Ninguém escapa as medidas desumanas de controle
da natalidade, que foram reforçadas em 1989, depois que um relatório da
Academia das Ciências Sociais de Xangai aconselhou a criação de uma força
especial para realizar abortos sistemáticos em mulheres pertencentes a minorias
nacionais cuja população seja superior a quinhentas mil pessoas.
Equipes sanitárias
percorrem o país das neves para aplicar a lei, e benefícios econômicos são
proporcionados àqueles que praticam o maior número de esterilizações e abortos.
Presenciam-se cenas atrozes em que grupos de mulheres, e até adolescentes, são
empurradas em caminhões que as levam a hospitais. Nas regiões mais afastadas,
equipes de enfermeiras e médicos chineses circulam em jipes, seguidas por
caminhões de material sanitário. Viajam por três a quatro meses, indo a todas
as aldeias para procurar mulheres grávidas do terceiro ou quarto filho, às
vezes até do segundo. Ao final de cada viagem eles tratam uma média de dois mil
casos.
Relatórios que denunciam abortos forçados em mulheres de gravidez
bastante avançada foram confirmados com a descoberta de fetos de quatro ou
cinco meses em lixeiras do hospital de Chamado. Chegaram até a exterminar
recém-nascidos em famílias que já tinham dois filhos. Ao dar à luz a mãe ouve o
grito do bebê e depois é informada de que ele morreu durante o parto.
Uma médica tibetana atestou mais tarde que
bebês saudáveis e bem formados, foram afogados em baldes de água ao nascer. E
acrescentou: “As mães enlouquecem.” Um médico chinês, interrogado por uma
comissão de inquérito sobre direitos humanos, reconheceu que fora obrigado a
matar recém-nascidos para alcançar sua meta de abortos. Se não o tivesse feito,
teria perdido os benefícios econômicos vinculados À sua atividade e sido
demitido.
Para os tibetanos,
que vivem a fé budista de forma intensa, por fim a qualquer forma de vida é uma
terrível transgressão, e o controle da natalidade, um verdadeiro traumatismo,
cujos efeitos são devastadores.”
Mulheres tibetanas em dia de festa
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