Terça-feira,
31 de março de 2015
PGR questiona
deslocamento de competência dos Juizados Especiais Criminais para Justiça Comum
O procurador-geral da
República, Rodrigo Janot, questiona no Supremo Tribunal Federal (STF) dispositivos
que permitiram o deslocamento de processos da competência dos Juizados
Especiais Criminais para a Justiça Comum ou para o Tribunal do Júri. Na Ação
Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5264, ele contesta os artigos 1º e 2º da
Lei 11.313/2006, que alteraram o artigo 60, caput e parágrafo
único, da Lei 9.099/95 e o artigo 2º,caput e parágrafo único, da
Lei 10.259/2001.
De acordo com o
procurador-geral, os dispositivos atacados possibilitaram, mediante a
utilização dos institutos da conexão e da continência, o processamento e
julgamento pela Justiça Comum ou pelo Tribunal do Júri de infrações penais de
menor potencial ofensivo, “as quais são da competência material absoluta dos
Juizados Especiais Criminais”. Ele alega que tal deslocamento contraria o princípio
do juiz natural (artigo 5º, incisos LIII), bem como o artigo 98, inciso II, da
Constituição Federal (CF), por estabelecerem hipótese de modificação, por norma
infraconstitucional, de competência estabelecida na CF.
Na ADI, Rodrigo Janot
sustenta que a competência dos Juizados Especiais Criminais é absoluta, “não
podendo, por essa razão, ser modificada pela vontade das partes ou por causas
legais de prorrogação, como a conexão ou a continência”. “Do contrário, caso
admitida a modificação, haveria desvirtuamento do interesse público e dos
objetivos para os quais tais órgãos jurisdicionais foram criados e, mais ainda,
contrariedade à aludida regra constitucional”, ressalta.
Dessa forma, o
procurador- geral pede para que o Supremo declare a inconstitucionalidade total
dos acréscimos promovidos pelos dispositivos da Lei 11.313/2006 ao parágrafo
único do artigo 60 da Lei 9.099/95 e ao parágrafo único do artigo 2º da Lei
10.259/2001; bem como a inconstitucionalidade parcial, sem redução de texto,
das alterações promovidas na cabeça desses dispositivos legais a fim de afastar
interpretação que admite o deslocamento de processos dos Juizados Especiais
Criminais para órgãos jurisdicionais diversos, como Justiça comum ou Tribunal
do Júri.
A relatora da ADI 5264 é
a ministra Cármen Lúcia.
Fonte: STF
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