Em Ijuí (RS) um caso de uso obrigatório de cinto de castidade
A
crueldade praticada originalmente na Europa, na Idade Média também torturou
jovem mulher gaúcha de 25 anos. Ela era obrigada a usar uma bermuda presa na
cintura por um cinto com cadeado.
Quem conhece a fundo a história forense de Ijuí (RS) sabe de detalhes
minuciosos de fato inusitado, ali ocorrido em dezembro de 1977, quando aportou
no foro uma denúncia contra um homem.
A esposa dele, na época com 25 de idade, atividades do lar, casal sem filhos,
procurou o Ministério Público para revelar e pessoalmente mostrar que seu
cônjuge, professor municipal, também com 25 de idade, a obrigava a usar um “cinto
de castidade”. A imposição ocorria sempre que ele saía e a deixava em
regime de cárcere privado.
O promotor de justiça relatou na denúncia que "o varão obrigava
sua esposa a usar uma bermuda presa na cintura por um cinto com cadeado, além
de maltratá-la".
Prosseguiu o agente ministerial: "ouvida na repartição policial
pela escrivã, na presença do delegado, a vítima disse que, ao sair para
dirigir-se à escola onde ele dava aulas, seu marido colocava uma tira de papel
junto ao cinturão e à bermuda, além de lacrar portas e janelas da residência e
fechá-las por fora com cadeado".
Em Juízo, a mulher revelou que "havia três anos, o denunciado
vinha obrigando a vítima a usar diariamente essa espécie de bermuda,
confeccionada por ela mesma, a partir de modelo desenhado por ele, a partir de
uma ilustração obtida em livros antigos".
Ela também contou que "o ciúme de seu marido era tanto que ela não
podia tirar o cinto de castidade nem para ir ao banheiro; isso só seria
possível se ele estivesse em casa".
Na área penal, o homem foi condenado; no cível, a ação de separação judicial
litigiosa terminou por consenso. Recentemente, uma mexida em velhas gavetas na
redação de um jornal local trouxe de volta à realidade algumas cópias de fotos
do cinto de castidade atrelado à bermuda, versão ijuiense.
Na sentença, o juiz escreveu que "o uso do cinto de castidade se
tornou uma cruel forma de castigo, por pura crueldade ou até por sadismo
pervertido, como uma injusta forma de controle feminino, que nos tempos da
Idade Média teve até aval religioso e aceitação em conventos, mosteiros e
outras instituições religiosas e sociais".
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